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Dos Discursos Boémios: Sobre a Arte de Julgar os Caloirospor por Niccolò dei Machiavelli

Dizem-me os sábios da boémia que o tempo é o melhor mestre do tuno; todavia, observo que alguns discípulos, tendo envelhecido sob o peso da capa, esqueceram as lições que o próprio tempo lhes ensinou.

Muitos há que, ao erguerem a voz contra as faltas dos caloiros, se esquecem das suas próprias façanhas — as quais, por decência, o esquecimento tenta sepultar. E, no entanto, “quem exige perfeição no aprendiz, revela apenas a imperfeição da sua memória”.

Há ainda os que desejam que todo o caloiro seja o espelho do seu passado idealizado. Não compreendem que a virtude da Tuna não reside na cópia, mas na diferença; que o espírito académico floresce melhor quando há quem desafine — desde que o faça com alma.

Nem todos os tunos possuem igual ardor; uns dão o coração, outros apenas o compasso. Mas se a música é feita de diferentes notas, por que motivo haveria de exigir-se que todos toquem no mesmo tom? “A sabedoria do mestre revela-se mais em compreender os seus que em julgá-los.”

Por fim, direi que a compreensão é o primeiro sinal da verdadeira senioridade. Pois aquele que esquece o que é ser caloiro não se torna tuno — apenas se torna velho.

Assim, aos que ainda se lembram do sabor das primeiras noites frias, das músicas tremidas e das cordas mal afinadas, deixo um conselho:

“Sede firmes nas tradições, mas brandos no coração. Pois o futuro da Tuna depende menos dos que comandam e mais dos que ainda aprendem a cantar.”


— Niccolò dei Machiavelli, Conselheiro da Boémia e Guardião dos Copos Mal Lavados

Comentários

Sebastião Valente disse…
Há um certo perigo silencioso em esquecer de onde viemos. No começo, é apenas descuido: uma lembrança deixada num canto, uma origem que já não parece tão importante. Depois, esse esquecimento vai crescendo — discreto, paciente — até se tornar parte de quem somos. E, quando damos por nós, já não lembramos o gosto do início, o frio das primeiras tentativas, o brilho do primeiro sonho.
Esquecer como tudo começou é apagar o fio que costura o nosso próprio enredo. É deixar que o orgulho substitua a gratidão, que a pressa engula a memória. É viver como se tivéssemos surgido do nada, como se o chão que nos sustentou fosse apenas uma paisagem esquecida no retrovisor.
Mas a verdade é que cada passo de agora carrega o eco dos passos que vieram antes. Cada vitória, cada queda, tem raízes fincadas em um tempo que insistimos em deixar para trás. E é nesse tempo — imperfeito, áspero, sincero — que se encontra o que há de mais verdadeiro em nós.
Lembrar de onde viemos não é olhar para trás com saudade; é reconhecer o caminho que nos fez possíveis. É saber que, sem o ontem, o hoje não se sustenta.
Porque, no fim, quem esquece suas origens corre o risco de se perder — não no mundo, mas dentro de si mesmo.
E então, pergunto: é isso que queremos? Que se esqueça o verdadeiro espírito da Tuna TS — aquilo que nos uniu, nos fez família, e deu sentido a cada nota tocada e a cada história vivida?

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